quarta-feira, 13 de novembro de 2019

O amor não falha JAMAIS!!

Bom diaaaaaaa!!!!
Tudo bom???
Por aqui tudo bem. 
Depois de quase 10 meses sem escrever, hoje acordei com as mãos coçando de vontade. 
As 6:00 horas fiz aquela rotina básica e louca de preparo para a escola das crianças e quando saíram com o papai, vim correndo abrir o computador.
Em primeiro lugar, dizer que meu tratamento acabou em abril e estou ótima!!! Venci o CA pela terceira vez. (já está na hora do senhor entender que aqui não tem chance né??? rs). Escrevo isso pq a ultima vez que postei estava no começo da químio e não escrevi mais, e recebo e-mails perguntando se estou viva. hahahahaha (parece mentira, mas é verdade!)

Agora queria falar sobre algo que mexeu MUITO comigo essa semana. 
Ainda não li o livro da minha irmã de alma Cecília Sarinho, "O Milagre do Amor", sobre adoção, mas ela postou no insta esse pedacinho e vou confessar que mexeu comigo demais.





Muito verdadeiro...vieram cenas em minha mente, chegou no coração e transbordou nos olhos por aqui. É muito forte isso, algo que não tem explicação.  
Hoje, após 2 anos e 5 meses que minha família se formou, as coisas estão encaixadas, o vínculo foi criado, a segurança dos meus filhos em saber que não serão abandonados novamente por uma família, tudo entrou na linha... mas o começo não é fácil, muitas feridas de todos os lados. Neles e em nós papais tbem. (Pois eh... não é fácil ter como maior sonho ser mãe, e não ter um útero).
Foram meses e meses para essas feridas se fecharem e dar espaço para o amor, elo, vínculo, união, segurança... (claro que temos muitas ainda, mas estamos focados em tratar, amenizar e se Deus quiser, curar).
Paciência, ajuda de profissionais, grupo de apoio à Adoção, e o principal, a parceria que eu e o DD criamos. Essa sem dúvida, pra mim, foi a melhor decisão. 
Não digo sobre nós dois como casal, pois isso já é um outro tema mais complexo hahahahaha mas sim como pai e mãe de 3 crianças que chegaram literalmente de um dia para o outro em nossa vida. 
Tivemos que montar uma parceria forte para um segurar a barra do outro. Com muita conversa, decisões, desabafos, dúvidas, enfim... tudo para encarar esse mundo novo que estávamos vivendo. Afinal, muito se lê em google, instagram, facebook, livros sobre maternidade, como cuidar dos filhos, alimentação adequada para cada fase do bebê, fases do desenvolvimento, higiene, escolaridade, etc etc etc...
E meus filhos que não se encaixavam em nenhuma fase??? 
Minhas filhas com 2 anos, com peso e altura de um bebê de 6 meses, não conseguiam andar direito, correr então, nem se fale. Não pulavam, falavam só umas 3 palavras. Mas ao mesmo tempo, já comiam de tudo, enquanto algumas amigas davam sopinha amassada para os filhos da mesma idade. 
Meu filho com 5 anos, não reconhecia nem mesmo a letra A, falava igual o Cebolinha, não sabia o que era futebol, não conseguia interagir com os amiguinhos da mesma idade, pois as brincadeiras eram muito "modernas" para ele. rssss
Isso era o que as pessoas viam de fora, num momento de lazer, num passeio, numa festinha. 
E o que estava rolando dentro deles? Isso ninguém sabia. 
Ninguém sabia que por trás de cada "diferença" deles comparado com uma criança da mesma idade, havia uma noite de medo de trovão sozinhos na cama sem ninguém para abraçar. Havia um vazio na escola no dia de reunião de pais ou apresentação para a família, onde eles não tinham para onde olhar, pois realmente não tinha ninguém.
Fase da criança onde tudo "é meu", eles não tiveram, pq nunca tiveram nada deles. Tudo sempre foi de todos.
Pessoas não entendiam o pq uma de minhas filhas era muito grudada comigo no começo e não queria sair do colo quando estávamos num local de muita gente.

Cheguei a ouvir, que eu estava deixando ela assim mimada e grudinho. Que eu não estava permitindo socializar e acostumar com as pessoas. 
Mas ninguém sabia que ela passou 2 anos da vida dela com receio de adultos, com medo deles, sem saber o que aquele adulto faria amanhã com ela, se ele iria cuidar ou abandonar. E naquele momento, o meu colo era essencial para ela sentir que agora podia confiar em um adulto e confiando em mim, passaria a confiar nos outros também.
Quando li esse trechinho do livro da Cecília, lembrei de várias cenas que meu filho mais velho me conta dos seus 5 primeiros anos de vida sem a gente, o tanto de coisas que ele tão pequeno precisou passar, a quantidade de situações e conflitos internos, as dúvidas, os perrengues, e até mesmo coisas boas, que ele tem saudades como pessoas que fizeram bem a ele, amiguinhos do abrigo que eram como irmãos. Até isso deve ser difícil lidar né? Deixar pra trás uma vida!!!
E eu me sinto as vezes com o coração na mão, com uma impotência sem tamanho ao não conseguir tirar algumas memórias da cabecinha deles. Mas entendo que isso faz parte do processo, do caminhar, da evolução de cada um. Mas não é fácil. 
Realmente meus filhos sentiam dores que iam MUITO além do que um ralado no joelho, do que um tombinho na sala aprendendo a andar, do que um galo na cabeça, um corte, um roxinho na perna... (entendem agora pq nunca liguei muito para esses machucados? hahaha Pois é, escutei muitooooooo sobre meu "relaxo" com essas situações, mas de verdade pra mim isso é pequeno)
A dor deles era profunda, o medo angustiante, situações que ficarão eternamente em suas memórias. 
E nós mamãe e papai? Só nos resta continuar nesse caminho que estamos, do amor, do ensinamento (com broncas SIM! rs), e seguindo nossos corações, pois esse sim, não falha jamais!!!